quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A TEOLOGIA DO PROFETA ISAÍAS.

A TEOLOGIA DO PROFETA ISAÍAS.


Prof. Rev João Ricardo Ferreira de França*

Introdução:

Antes de abordarmos qualquer questão sobre este livro precisamos fazer uma análise do seu contexto histórico e cultural. Esta abordagem nos ajudará a perceber a mensagem que está inserida neste  livro.
A vocação do profeta Isaías sempre é desafiadora para qualquer intérprete bíblico. Aquele que se dedica ao estudo da Bíblia poderá perceber como é rico o sexto capítulo para a aplicação teológica para nós; mas também, como é significativo para o contexto imediato no qual este texto foi produzido. Isto é importante termos em nossas mentes.
O livro que temos diante de nós possui uma característica curiosa: ele tem sido visto  como se fosse um resumo de toda a Bíblia. Pois o seu tema é “A salvação é de Yahweh”.
Isaías registra alguns fatos a respeito de si mesmo. Ele é filho de Amoz (1.1), que conforme a tradição histórica seria o irmão do rei Amazias (2 Reis 14.1,2); se tal tradição possui peso, então, explica o porque o profeta Isaías tinha livre acesso as cortes dos reis de Judá tais como Acaz (Is.7.3) e Ezequias (37.21;39.3). Este profeta era casado, sua esposa era uma profetisa (8.1); ele tinha dois filhos (7.3; 8.3); esses nomes dados aos seus filhos eram simbólicos e proféticos. No capítulo 8.3 – Rápido – Despojo-Presa-Segura – este nome do filho do profeta é uma promessa de que viria o julgamento sobre o povo que se recusava a abandonar os seus pecados; no capítulo 7.3 – Um – Resto-Volverá -  fala da esperança de que um remanescente regressará. Isaías profetizou por cerca de 740-680 a.C, ele proclamou a Palavra de Deus por aproximadamente sessenta anos . Ele profetizou durante o período do reino dividido; e foi direcionado especificamente para profetizar para o Judá urbano, sua vocação conforme é relatada no capítulo 6 nos indica exatamente essa perspectiva.
O propósito de sua profecia é ensinar que a salvação é manifestada pela Graça de Deus. Isto se incorpora no próprio nome deste profeta que significa que a “salvação é de Yahweh”. Pois, a situação política de Judá não era confortável onde nações inimigas estavam se levantando contra o povo pactual, e os reis de Judá buscavam alianças com outras nações para se salvarem dos mesmos, todavia, a profecia de Isaías vem com o propósito de mostrar aos seus ouvintes que apenas em Deus se poderá encontrar real livramento.
A profecia de Isaías pode ser esboçada da seguinte forma:
1-      Oráculo de Julgamento que compreende do capítulo 1 até o 39.
2-      Oráculo de Salvação que compreende do capítulo 40 até o 66.

I - TEONTOLOGIA EM ISAÍAS.
(ISAÍAS 6)

O nosso processo hermenêutico e exegético será o de extração direta do texto bíblico a teologia que o profeta desenvolve no seu livro. Teologia? Será que Isaías tem teologia para oferecer a Igreja do século XXI? A reposta deve ser a mais positiva possível. Vejamos.
            O profeta começa nos informando algo: “No ano da morte do rei Uzias” ele começa com uma nota informativa. As vezes lemos o texto e não pensamos nos grandes dilemas enfrentados por uma nação monárquica quando esta perde o seu rei. Devemos levar isso em consideração, a morte de um Rei era sinal de que estavam vulneráveis.
Sabemos por que Uzias morreu? O ministério de Isaías começou no ano da morte do rei Uzias (Is 6.1). Uzias foi um dos bons reis de Israel (ele também é chamado de Azarias). Ele reinou durante um longo período. Mas Uzias tornou-se orgulhoso. E, no seu orgulho, ele entrou no templo para oferecer incenso no altar. Isso só o sacerdote poderia fazer. Como resultado, Deus o feriu com lepra.
 Assim, ficou leproso o rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da Casa do SENHOR; e Jotão, seu filho, tinha a seu cargo a casa do rei, julgando o povo da terra. Quanto aos mais atos de Uzias, tanto os primeiros como os últimos, o profeta Isaías, filho de Amoz, os escreveu.(2 Cro 26.21-22).
Observe que o historiador oficial do reinado de Uzias era ninguém menos que Isaías, o filho de Amoz. A morte de um rei gera muita insegurança no reinado. O profeta Isaías coloca isto muito bem para nós ao escrever sua profecia. Ele começa com uma nota fúnebre – Na morte do Ungido do Senhor – isto é algo muito triste para o povo do pacto. O povo estava se sentido desamparado, pois, estava sem o grande protetor  - que os salmos usam a figura do rei como o pastor do povo pactual – levando o povo a desesperança.
Provavelmente o profeta estava também se sentindo desta forma quando entrou no Templo para orar a Deus. Mas o que acontece a este profeta? O que ele vê? Ele nos diz “eu vi o Senhor” no texto hebraico ele diz: “yn"±doa]-ta, ha,ór>a,w"” – va’er’éth eth Adonay – o termo “yn"±doa]” - Adonay - tem haver com a realidade daquele, que nos tempos antigos, tinha toda autoridade de definir a vida e a morte de seus escravos. Ele é o senhor tanto da vida quando da morte, a supremacia de Deus é apresentada de forma singular pelo uso do substantivo “Adonay”.
Deus, na visão do profeta, está “assentando-se sobre o trono” no hebraico comunica a ideia de que Deus continua como o Rei da nação, apesar da nação ter perdido o seu rei, o verdadeiro, e único Rei de Israel é o SENHOR.
Isaías nos apresenta Deus como aquele que é “Santo”. O que este termo significa na literatura veterotestamentária? O significado desta palavra é muito debatido entre os eruditos em Antigo Testamento. O Dr. Sinclair B. Ferguson diz que este termo traz consigo mesmo “idéias tais como ‘cortar’ ou ‘separar de’, ‘ser colocado à distância’, daí o sentido de ‘se posto à parte’, a fim de pertencer a Deus”.[1]É notório que o termo hebraico vdq;) (qadosh) tem uma significação de “manifestar-se como santo, consagrar para, separar de, conferir santidade, evidenciar-se como santo”.[2] O que isto evidencia na discussão sobre este tema? É o fato de que este adjetivo tem a função de comunicar “distância moral” entre o Deus santíssimo  e o homem pecador. “A santidade de Deus é uma visão da pureza do seu eterno e infinito ser”.[3] Isto é bastante ilustrativo  no texto de Isaías 6 onde Deus é contemplado como estando em um alto e sublime trono e o profeta como um miserável pecador que perecerá diante daquele que é três vezes santo.
A comunicação desta distância moral entre o homem e Deus são ressaltadas em primeiro plano pelo adjetivo “santo” exaltando  a singularidade da separação do substantivo ao qual o termo adjetiva. Indicando  separação imperativa entre o impuro e o santíssimo; ensejando a Plena Santidade de Deus que não tolera o pecado.
Esta é a visão da teontologia de Isaías, um Deus santo no qual homem não pode tocar. Esta distância é ainda acentuada no versículo 5: o profeta disse: “habito no meio de um povo pecador”( ameäj.-~[; ‘%Atb.W ykinOëa') –’anoki uvthok ‘am teme’ao usar o pronome pessoal (ykinOëa); -’anoki) o profeta quer nos oferecer uma ênfase singular, ele não busca se desculpar, ele não se esquiva, mas se inclui na lista dos pecadores; ele não apenas convivia, mas ele habitava no meio de (‘%Atb.W - uvethok) um povo (-~[; - ‘am) cheio de impureza (ameäj. - teme’) ele declarou que era alguém que estava perdido (ytiymeªd>nI-yki( yliä-yAa) - ’oy-li ki-nidemeythi) o verbo hebraico usado aqui para “estar perdido” é o verborm*:D*:”- damar- que está sendo usado no nifal aqui, indicando a passividade sofrida pelo profeta, todavia, o significado do verbo é cortar – ou seja, o profeta diz “estou sendo cortado” também ele disse que era um profundo pecador; por quê? A resposta é porque ele era um homem de “impuros lábios”.
Isso porque a concepção de Deus apresentada pelo profeta é de um ser que não pode ser contaminado pelo pecado, a figura das vestes do ser divino envolvendo o templo nos indica isso de forma muito clara; ele emudece, pois, enquanto os Serafins cantavam a santidade de Deus e não ousavam a olhar para Deus; o profeta, encontrava-se calado diante de tal majestade, lhe faltava os chãos aos pés ao contemplar tamanha santidade divina.

II - A ANTROPOLOGIA DO PROFETA ISAÍAS.
(ISAÍAS 1)
Isaías chega a contemplar a santidade de Deus o profeta, e não fica apenas nesta contemplação, pois, em sua profecia também nos mostra a visão que ele possui do homem. Nós só podemos conhecer quem é o homem quando somos impulsionados a contemplarmos a Deus. Calvino já afirmava exatamente esta verdade sobre os seguintes termos:
Quase toda a suma de nossa sabedoria, que deveras se deve ter por verdadeira e sólida sabedoria, consiste em dois pontos: a saber, no conhecimento que homem deve ter de Deus, e no conhecimento que deve ter de si mesmo. Mas como estes dois conhecimentos estão mui unidos e entrelaçados, não é coisa fácil de distinguir qual precede e origina o outro, pois, em primeiro lugar, ninguém pode se contemplar sem que por algum momento se sinta impulsionado a levar em consideração a Deus, no qual vive e se move; porque não existe quem duvide que os dons, nos quais toda a nossa dignidade consiste, não sejam de maneira alguma nosso.[4]

É exatamente esta compreensão que temos ao ler o capítulo um do livro do profeta Isaías. Neste capítulo temos a visão do que é o homem, temos a antropologia do profeta. Ao contemplarmos este capítulo corremos o risco de interpretarmos a antropologia do profeta em termos puramente negativos, embora seja algo predominante nos textos do Antigo Testamento, esta não é a real concepção aprendida pelo profeta. É  verdade que esta distância moral existe entre a criatura e o criador, mas ela existe primeiro para mostrar que somos seres dependentes e para apontar para a soberania de Deus.
O profeta começa o seu capítulo dizendo  que toda a profecia é fruto de uma “Visão” (!Azx] - hazon) apontando para a realidade de que a profecia não nasce dele, mas é divina. O profeta como grande escritor vale-se de um oráculo de julgamento em todo este primeiro capítulo, toda a estrutura do texto nos leva para esta abordagem.
Como é classificada esta palavra de julgamento? É classificada como uma “ameaça que anuncia uma desgraça, imediatamente acompanhada de justificativa ou sem ela, por causa do pecado dos homens”[5].
            Deus chama os céus e a terra como testemunhas “ Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra;”(vs.2). A figura de um tribunal é bem vívida na mente do profeta. Os céus e a terra devem prestar atenção “W[Üm.vi”(shim‘u) mas, não sem compromisso, porém, deve estar atentos como testemunhas do Senhor; e a razão disso é “porque o SENHOR tem falado:” o contraste é gritante, enquanto a Criação ouve a voz de seu Criador, Israel que é retratado como filho “‘~ynIB'”(banim), aqui no plural, não  o obedece e conseqüentemente não escuta a voz do seu Pai,  antes de tudo manifesta sua rebeldia “W[v.P'î”(pashe‘u); ora aqueles filhos foram engrandecidos “yTil.D:äGI”(giddalethi) , mas eles decidiram ir contra o Criador de todas as coisas.
            O contraste se acentua quando no versículo 3 Deus informa que os animais sem razão reconhece quem cuida deles, mas “Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.” O profeta usa de um parelelismo sinônimico com tônica negativa.
            `!n")ABt.hi al{ïb’ yMiÞ[;a’ [d:êy" al{åb ‘laer"f.yIa
este paralelismo é percebido da seguinte forma :



‘laer"f.yI - isera’el ( Israel)
yMiÞ[; -‘ammi (meu povo)
[d:êy" al{å - lo’ yada‘ ( sem conhecer)
!n")ABt.hi al{ï - lo hithebonan (sem entender)

            O substantivo “Israel” tinha sua ideia repetida como “meu povo” apontando para uma relação paralela e sinônima, e de igual modo está a tônica negativa “sem conhecimento” faz paralelo com “não entende”
            No versículo seguinte segue-se um paralelismo tipo sintético onde há desenvolvimento dos pensamentos anunciados. O povo é retratado nos termos mais pecaminosos possíveis: “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.” (vs.4).  O paralelismo é sintético sendo percebido pelo uso que profeta usa de fórmulas que completam o sentido da primeira imagem. O dito de julgamento “Ai” anuncia o juízo que vem caraceterizando o povo que está para ser sentenciado; “nação pecadora” o termo diz alguma verdade, mas o profeta quer completar o sentido; ele o faz de forma singular: “povo carregado de iniqüidade” é claro que o sentido é sinônimo, porém, sintético;  o povo não só peca, mas carrega sobre os seus ombros profundas maldades.
                Outro fato que nos chama atenção é que antes este povo fora chamado de “filhos de Deus” – Criei filhosyTil.D:äGI ‘~ynIB'banim giddalethi mas agora eles são retratados como “descendentes de malfeitores” - ~yti_yxiv.m; ~ynIßB' banium mashhithim – no original “filhos pútridos”. O profeta passa a descrever o homem sem esperança; um homem insensível às ameaças e às punições de Deus; está ferido, mas não se arrepende. Comete o que é mal diante de Deus no ato da adoração; eles consagraram as costas para Deus “deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.” (vs.4). Eles consagraram ao Santo de Israel as suas costas “`rAx*a' WrzOðn"nazuru ’ahor – eles de fato rejeitaram o autor da vida.
            O homem é mal e se levanta contra o próprio Deus! Esta é a visão do profeta Isaías sobre a realidade do que seja o homem. E ainda assim, Deus tenciona chamar o povo ao arrependimento mostrando a real situação da cidade:
 7 A vossa terra está assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de estranhos.  8 E a filha de Sião é deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como uma cidade sitiada.

Mas, o povo continua insensível. A visão que sobra é um homem desesperadamente corrupto sem alguma bondade nele.  O povo é contemplado na profecia como um povo prostituto ( vs.10-20) o povo é exortado a mudar de atitudes pecaminosas. O homem é totalmente depravado, e nos parece que não existe esperança para este. Será mesmo? A grande questão é: Qual a importância de Isaías acentuar esta distância entre o homem e Deus? A resposta está no aspecto redentivo de um mediador que é retratado com propriedade neste livro. O mediador é a figura pactual e central neste livro. O povo quebrou as relações pactuais e Deus quer manter as estipulações com este povo, mas mediante um mediador do pacto.

III - A SOTERIOLOGIA DO PROFETA ISAÍAS
( Is. 52-53.12)
A figura do “servo sofredor” de Yahweh passa a ser a personagem dominante da profecia de Isaías neste momento. Assim, aflora o conceito redentivo deste profeta. A redenção não vem em termos das aliança políticas que os reis de Israel tencionava realizar com as nações vizinhas[6], mas se torna real no conceito divino do mediador.
Quem é este “Servo Sofredor”? Alguém disse que as “expressões de que se ser o profeta para descrever o Ebed são ao mesmo tempo precisas e misteriosas...E, no entanto, não sabemos quem é este “Servo do Senhor”, e ainda somos informados que o “profeta não nos diz nem quando nem em que circunstâncias ele aparece[7].
Estes versículos são tidos como cânticos do Servo Sofredor. E tais versículos têm sido divididos “em cinco estrofes de três versículos cada[8]. Nós devemos analisar estas estrofes para entendermos os conceitos soteriológicos do profeta.
O profeta começa a primeira estrofe deste texto mostrando que neste novo momento Israel precisa perceber que há uma promessa redentiva neste personagem. O profeta usa uma partícula de intejeição “hNEïhi” - hineh -  mostrando uma transição direta das experiências do povo pactual para as experiências do redentor. Ele será prudente ou seja a sabedoria se faz presente. O profeta apresenta-nos a “dimensão gloriosa” deste servo, pois, ele “será elevado, exaltado e colocado numa posição muito alta[9].
Os verbos usados aqui tem sido considerados como sendo uma referência a um paralelismo sintético ou progressivo “Hb;Þg"w> aF'²nIw> ~Wrôy"” (yarum,venisa’, vegavahu) mas, estes verbos não devem ser considerados nesta estrutura, e , sim como verbos que forma um paralelismo sinônímico. Embora alguns eruditos discordem desta abordagem sugerindo que aqui faz-se uma referência a “três estágios: emergir da humilhação, contínua exaltação e admissão numa elevada posição”[10]. Todavia, outros como Young aponta que esta não “é a intenção de Isaías”[11].
O profeta no uso destes verbos está apontando para o alto grau de exaltação do servo sofredor. É importante notar que o “Servo não se torna um exaltado”[12]. O nó exegético de alguns eruditos encontra-se nos versos 14-15 do capítulo 52.  Estes versículos não tem sido avaliados dentro do escopo gramatical que exigem ser compreendidos. Muitos tem sugerido que o versículo 14a é uma prótase[13], seguida de uma declaração “parentética, que por sua vez, são seguidas pela apódose”[14] neste caso a expressão “ os reis fecharão as suas bocas por causa dele” explica a primeira sentença.
As conjunções usadas pelo profeta indica exata a função deste mediador pactual na figura do Servo do SENHOR. O uso da conjunção “!KEÜ”-ken- associada ao verbo “‘hZ<y:”-yazeh -  esclarece adequadamente o uso das conjunções conforme empregadas pelo profeta. O verbo aqui pode significar “esguichar”, “espalhar”, “aspegir” o verbo encontra-se no hiphil indicando que o sangue do Servo causará a libertação ou perdão dos pecados. A ação dos que pasmam e dos reis que se calam devem ser tomadas, com certa cautela, como sinônimos e a expressão “rv,’a] yKiû”-ki ’asher -  deve ser tomadas como um acentuação do contraste promovido pelo profeta entre os que pasmam e ficam calados “por causa dele” ou da ação redentiva que o Servo traz ao povo.
A redenção manifesta humilhação para aqueles que se julgam poderosos ( os reis ), o homem desprezado é o autor da redenção. O profeta em sua profecia indica que as nações serão aspergidas pela ação de redenção sacrificial trazida pela Servo do SENHOR. Algo se destaca aqui neste trecho das Escrituras (Is. 53.1-12) não são todas as nações que recebem a morte do Servo com valor expiatório, não era destinado unicamente ao povo do pacto (Israel) mas inclui-se os eleitos de Deus em toda tribo raça e nação “5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”
A extensão da obra redentiva é cósmica. Os efeitos da expiação do Servo alcança todo o cosmo. A restauração não apenas do homem com Deus é manifestada aqui, mas a paz ( o castigo que veio sobre ele nos deu a paz) e a justiça devem ser manifestações de um reino eterno que alcança o mundo em proporções universais.
A terceira realidade é que o Servo assume seu direito régio; a humilhação e o sofrimento dele antecipa o seu governo sobre todas as nações. Neste Servo os três ofícios se encontram – Profeta, Sacerdote e Rei – isto indica que a redenção é de fato uma realidade que não pode ser negada.
O capítulo 53 começa com uma pergunta em tom de acusação contra o povo: “Quem deu crédito”? “!ymiÞa/h, ymiî” - mi he’emin - os gentios creem, mas o povo da aliança recusa-se a crer. Este é o contraste, e apenas, um remanescente irá exercer fé naquilo que fora anunciado.
O braço forte aqui indica a ação redentiva de Yahweh para com o povo da aliança. O povo tem “testemunhado o julgamento de Yahweh sobre os inimigos e a poderosa ação que traz salvação e liberdade[15]. O servo apesar de manifestar tal redenção será desprezado, assim como foram os profetas do Antigo Testamento, isto trará ao Servo um sofrimento visível. A desfiguração e as doenças cairão sobre ele em favor do seu povo. Ele experimenta as trágicas conseqüências do pecado, tudo para diminuir a distância entre o homem e Deus, e trazê-lo de novo à comunhão com o seu criador. O texto nos indica que o Servo terá sucesso em sua ação redentiva ,pois, “ele verá o fruto penoso”, uma referência ao seu sofrimento vicário, “e ficará satisfeito” indicando uma consumação total e final da obra da redenção. Ou seja, o Servo Sofredor de fato salvará os pecadores de forma total e final  garantindo assim a salvação eterna do seu povo.
O conceito messiânico apresentado aqui indica não apenas um mediador, mas que este mediador é Deus, pois, diz que este servo salvará o povo de seus pecados, e apenas, Deus pode salvar os homens dos pecados nos quais estão imersos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Quais as implicações disto tudo? São várias. A primeira diz respeito a questão da soberania de Deus no governo do mundo. Apenas Deus governa o mundo com profunda sabedoria e realizações poderosas; aqui aprendemos a verdade de que Deus não pode ser removido do trono do universo; esta é a primeira implicação que podemos ter do livro deste profeta.
A segunda, ainda que ligada a primeira, é que esta soberania é retratada não apenas em termos de poder, mas em termos de santidade também. Isto significa que Deus como se revela na profecia de Isaías é o padrão absoluto da moralidade neste mundo. Não existe nada e ninguém que possa determinar o que seja certo ou errado sem levar em consideração a santidade de Deus; pois, somente ele pode ditar regras e padrões de moralidade isto por causa de sua santidade absoluta.
A terceira implicação diz respeito ao que é o homem. O homem é um ser que fora criado conforme a Imagem de Deus, visto e contemplado como filho de Deus; mas ao cair em transgressão este só planeja roubar a glória de Deus, destronar o soberano do universo. “e como Deus sereis...”(Gn.3.5) foi a tônica da tentação. O homem não estava satisfeito em ser apenas criatura, ele queria ser divino! Essa realidade volta a ser apresentada aqui na profecia de Isaías o homem corrompido é chamado a se arrepender, mas ele não quer vir ao encontro de Deus; ele rejeita a Deus com seus pecados, desconhece o seu criador. Faz o que é mal perante os olhos de Deus, este é o homem totalmente depravado que Isaías apresenta.
E, por último é a realidade de que se o homem não vem ao encontro de Deus; então, Deus, na pessoa do Servo Sofredor, mediador pactual, vai até o homem para redimir e resgatá-lo dos seus pecados escrabosos, apenas um mediador entre Deus e os homens pode de fato realizar a obra da redenção de forma real e suficiente. Ele diminui a distância entre o homem e Deus.



















REFERÊNCIAS BÍBLIOGRÁFICAS:
1.      CALVINO, João. Institución de la religión Cristiana, Barcelona: FELiRE , 1999.
2.      CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento, São Paulo: Hagnos, 2008.
3.      FERGUSON, Sinclair B. O Espírito Santo, São Paulo: Os Puritanos, 2000.
4.      GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento – A origem e divina do conceito messiânico e seu desdobramento progressivo, São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
5.      KIRST, Nelson. Dicionário de Hebraico – Português & Aramaico-Português, Rio de Janeiro: Vozes & Sinodal, 1987.
6.      RIDDERBOS, Joe. Isaiah, Grand Rapids: Zondervan, 1985.
7.      YOUNG, Edward. The Book of Isaiah, 3 vols. Grand Rapids: Eerdmans,1965.
8.      SALLIN, E. & FOHRER, Introdução ao Antigo Testamento, São Paulo: Paulus, 2007.









* O autor é Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formou-se em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE. Também foi professor de línguas bíblicas (Grego e Hebraico)  no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) em Recife – PE. Atualmente é pastor na Igreja Presbiteriana em Piripiri – PI. Também é casado com Géssica Araújo Soares Nascimento de França e pai do pequeno Lucas Luis Nascimento de França.
[1] FERGUSON, Sinclair B. O Espírito Santo, p.16
[2] KIRST, Nelson. Dicionário de Hebraico – Português & Aramaico-Português, p.211
[3] FERGUSON, Sinclair B., Op.Cit,p.16
[4] CALVINO,Juan. Institución de La Religión Cristiana. Tradutor: Casidoro de Valera. Barcelona:FELiRE, 1999, Livro I, Cap. 1, seção 1
[5] SALLIN, E. & FOHRER, Introdução ao Antigo Testamento, São Paulo: Paulus, 2007, p. 498
[6] Infelizmente por falta de espaço, e por fugir do escopo deste trabalho, não discutiremos esta tônica que é percebida no capítulo 7 da profecia de Isaías. Onde Acaz é exortado a  confiar em Deus em vez de suas alianças políticas, a figura do mediador apresenta-se no versículo 14 deste capítulo; e isto tem suscitando grandes divergências entre os mais hábeis intérpretes  de nosso tempo.
[7] CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento, São Paulo: Hagnos, 2008, p.78.
[8] GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento – A origem e divina do conceito messiânico e seu desdobramento progressivo, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 593.
[9] Ibid, p.594
[10] RIDDERBOS, Joe. Isaiah, Grand Rapids: Zondervan, 1985, p.471.
[11] YOUNG, Edward. The Book of Isaiah, 3 vols. Grand Rapids: Eerdmans,1965, p. 3.335
[12] GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento – A origem e divina do conceito messiânico e seu desdobramento progressivo, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 594.
[13] A palavra significa  que há uma exposição do assunto de um drama ou a primeira parte de um período gramatical.
[14] YOUNG, Edward. The Book of Isaiah, 3 vols. Grand Rapids: Eerdmans,1965, p. 3.336-337
[15] GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento – A origem e divina do conceito messiânico e seu desdobramento progressivo, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.598.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

OS MANDATOS CRIACIONAIS



OS MANDATOS CRIACIONAIS:
Rev. João Ricardo Ferreira de França.*
Introdução:                                                                                               
            O registro da revelação apresenta-se com três mandatos específicos Cultural, Social e Espiritual. Estes mandatos são os condutores da aliança de Deus com seu povo. Estes fios condutores da aliança configura a vida humana em sua totalidade. Dentro desta concepção insere-se a ideia da tríplice estruturada bíblica de uma cosmovisão que envolve: a criação, queda e redenção.
A tríplice estrutura e os mandatos criacionais são discutidos e apresentados pela Teologia Bíblica.  A definição desta ciência é a seguinte: “Teologia bíblica é aquele ramo da teologia exegética que lida como o processo da auto revelação de Deus registrada na Bíblia”.[1] 
Podemos assegurar que a cosmovisão [baseada na tríplice estrutura: criação, queda e redenção] é permeada pelos mandatos da criação como fios condutores do pacto de Deus com o homem. Diante disso passaremos a estudar as três ordenanças criacionais:
I – MANDATO CULTURAL.
            O que significa este mandato? Este mandato “acentua especificamente a relação da humanidade com o cosmos” [2]. A criação é o teatro da glória de Deus e o palco de nossa atuação.
Onde se fundamenta este mandato? A resposta encontra-se no texto de Gênesis 1.28: “E Deus os abençoou e lhe disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”
            A primeira frase deste texto “sede fecundos, multiplicai-vos” – “significa desenvolver o mundo social: formar famílias, igrejas, escolas, cidades, governos, leis. A segunda frase - enchei a terra e sujeitai-a – significa subordinar o mundo natural: fazer colheitas, construir pontes, projetar computadores, compor músicas.” E se faz necessário insistir que a passagem em foco é “chamada de o mandato cultural, porque nos fala que nosso propósito original era criar culturas, construir civilizações – nada mais”[3]
            O mandato cultural implica na redenção de culturas inteiras. O vocábulo dominar, empregado aqui nesta passagem, indica a ideia de “capacidade real e supervisão”. A palavra hebraica empregada “ וְיִרְדּוּ ”(veiredu) que vem da raiz “hdr” (radar) que tem o sentido de “governar, dominar” e até “subjulgar”[4]. Sabemos que em “Gênesis 1.26, 28, o verbo ocorre com um sentido positivo quando se declara que a humanidade, criada à imagem de Deus, deve subjugar a terra e reinar sobre (rdh) todos os animais. À espécie humana é dada a responsabilidade sobre a criação de Deus, como fica evidente pelo fato de que esse comando é parte da bênção de Deus (1.28)”[5].
            Devemos ressaltar que o uso do verbo dominar aqui não consistia em uma “licença para a humanidade abusar das ordens da criação”, mas pelo contrário ele deveria “ser apenas um vice-regente de Deus, e a ele, tinha de prestar contas”.[6] O aspecto da “Imago Dei” é a força propulsora para o conceito do mandato cultural na esfera do domínio neste mundo.
            Ao estudarmos sobre este mandato aprendemos que o homem é chamado para santificar e colocar cada esfera de sua vida, sua educação, seus recursos nas mãos de Cristo; e, feito isso, saber administrar cada área já mencionada para a glória de Deus neste mundo. Nancy Pearcey nos alerta: “A lição do mandato cultural é que nosso senso de cumprimento depende de nos dedicarmos ao trabalho criativo e construtivo”.[7] A isso nós chamamos de redenção cósmica. Deus nos deu este mandato para exercermos o domínio nas mais diversas áreas do saber; e para o resgate das culturas para a glória dele somente.
II – O MANDATO SOCIAL
            O segundo mandato a ser considerado é chamado de Mandato Social. Van Groningen vai dizer que este mandato pactual “fala das relações sociais’[8]. Este mandato está fundamentado em Gênesis 2.21-24:
Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
Temos a estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um desapegar-se  e unir-se a outrem. Embora, já tenhamos considerado que um dos aspectos do mandato cultural é a criação familiar. Isto se torna evidente por causa da ordem divina de haver uma “fecundação e multiplicação” em Gênesis 1.26-28; todavia, esta ordem da formulação familiar está pertinentemente estabelecida aqui neste trecho de Gênesis 2.21-24.
A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de Adão. O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada, sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.
Longman III tem uma palavra muito significativa sobre esta realidade e declara que o “casamento envolve um homem e uma mulher deixarem os pais e constituírem uma nova unidade familiar”.[9] Van Groningen novamente nos diz que este “mandato pôde ser dado porque Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança e como macho e fêmea. O relacionamento tinha que ser visto como um de igualdade diante de Deus”.[10]Aqui aprendemos que a organização familiar exige uma relação heterossexual. Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea” formam uma unidade neste mandato.
Em Gênesis 1.28 temos a extensão deste mandato de forma interessante. A finalidade na geração de filhos e filhas para cumprir este mandato pactual era de capital importância. “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra”. O verbo fecundar que aparece no texto no hebraico é “פְּר֥וּ” – peru – tem o sentido de “frutificar”. O mandato social estabelece uma necessidade que o homem tem constituir familias e sociedades para cumprir a ordem original de Deus dada à raça humana. O homem deveria continuar sua posição de dominio social com a perpetuação de sua prole.
III – O MANDATO ESPIRITUAL.
            O terceiro aspecto a ser considerado é o Mandato Espiritual. Envolvia comunhão e obediência a Deus. Esta comunhão estava marcada pelo dia de adoração ao soberano de todas as coisas. Conforme vemos em Gênesis 2.1-4:
Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou.
            O conceito embrionário de um dia descanso esta alicerçado nesta passagem que evoca a comunhão primeva que o casal Adão e Eva desfrutavam com Deus. O shabbath de Deus entra em ação na narrativa bíblica “וַיִּשְׁבֹּת֙ ” ao trazer o sábado à existência Deus estava condescendo ao homem para que este pudesse desfrutar de uma comunhão intima e pessoal com Deus.
            Devemos lembrar que a guarda do sábado estava ligada aos dois mandatos pactuais anteriores:
A convicção que a guarda do sábado é uma obrigação perpétua se baseia em parte na instituição do sábado em Gênesis 2.1-3. Juntamente com o trabalho (Gn. 1.24; 2.15) e o casamento (Gn. 2.18-25), Deus instituiu o sábado para governar a vida de toda a humanidade. Assim como são permanentes as ordenanças do trabalho e do casamento, assim é a ordenança do sábado”.[11]
            No mandato espiritual ou de comunhão o homem é criado para que possa deleitar-se no dia que Deus separou para ele. Esta comunhão com Deus se dava no ambiente litúrgico.
            Ainda neste mandato estava envolvida a ideia de obediência perene a Deus conforme vemos em Gênesis 2.16-17:
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
            Aqui temos o homem sendo chamado a pactuar com Deus. Este pacto tem sido considerado como pacto das obras, e parece-nos, que alguns sugerem que Adão deveria obedecer este pacto para obter vida eterna. Todavia, alguns preferem chama-lo de pacto de vida; e por quê? A resposta é simples aqui Deus não lhe promete a vida, mas lhe assegura da morte certa caso o desobedeça.
            A vida marcada pela comunhão com Deus e por uma espiritualidade autêntica Adão deveria preservar essa comunhão que implicava em vida; todavia, este homem deliberadamente decide violar o pacto, violar a comunhão e em resposta a esta rebeldia ele recebe a morte.[12]
            Este mandato pactual implica numa vida de obediência e adoração a Deus de forma inegociável. O homem foi criado para glorificar a Deus e se deleitar nele, e isto é feito mediante a obediência irrestrita a Palavra de Deus bem como em celebração litúrgica a Deus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
            Na Teologia Reformada este tema dos Mandatos Criacionais é amplamente desenvolvido, todavia, é pouco aplicado e lecionado à igreja de Cristo. Podemos, ver nesta breve introdução o quão são importantes para a vida e maturidade da igreja. Vimos neste estudo que a ordem para governar a terra tem sido negligenciada pela igreja de nossos dias; bem como a preservação de lações sociais hoje é ameaçado pela criação de leis contrárias a Palavra de Deus.
            No espectro espiritual podemos tirar como implicação o fato da fraqueza e letargia da igreja deve-se ao fato da negligência profunda de uma comunhão autêntica com Deus no dia do Senhor (domingo ou sábado cristão); pois, a igreja de hoje está caminhando para o secularismo, individualismo e pragmatismo – o divino não ocupa, mas a centralidade na vida das pessoas, a comunhão virou apenas temas de sermões para o final, pois, cada qual vive no seu mundo sem viver a comunhão dos santos e a igreja tem empregado esforços para que haja resultados imediatos – negligenciando o crescimento saudável da igreja por meio do culto corporativo no dia do Senhor.
            Devemos reconhecer que fomos e somos criados para a obediência irrestrita a Deus e nos deleitarmos nele; devemos cumprir os nossos papéis originais intencionados por Des para a nossa vida. Deus nos criou para que tivéssemos o domínio sobre este mundo como vice-regentes, reconhecendo que cada espaço na criação é reclamado por Cristo como sendo de sua exclusiva propriedade.
            Neste processo devemos trazer à mente e ao coração que as nossas famílias são também projetos de Deus para nós, constituir famílias está atrelado à intenção original de Deus para a humanidade. A sociedade necessita de famílias equilibras e tementes a Deus o casamento e a procriação de uma descendência santa são alicerces fundamentais para a construção de uma sociedade justa.
            Por fim, devemos trazer ao coração que aquilo que confere sentido à existência é eterno e imperecível, por isso, devemos reservar um tempo para a contemplação e adoração ao Deus eterno que tudo criou. O encontro com Yahweh no seu dia é de capital importância para nós, pois, é no culto onde a nossa alma é alimentada e alentada pela Palavra imperecível de Deus. O culto familiar, o culto individual e o público são oportunidades únicas de um deleitoso prazer em Deus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.      GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1.
2.      ____________________. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
3.      KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011.
4.      KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987.
5.      LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009.
6.      PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7.      PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000.
8.      VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
9.      VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.



* O autor é Ministro da Palavra pela Igreja presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor na Primeira Igreja Presbiteriana de Piripiri – PI. Formou-se em Teologia Reformada no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife- PE. Foi professor de línguas bíblicas (Grego e Hebraico) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) Recife – PE. É casado com Géssica Araújo Soares Nascimento de França e é pai de Lucas Luis Nascimento de França.
[1] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica – Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto Almeida de Paula. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p.16.
[2] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[3] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.51.
[4] KILPP, Nelson. Dicionário Hebraico-Portugês e Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Editora Vozes, 1987, p.223.
[5] VANGEMEREN,Willem A.(org.) Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento. Tradutor: Afonso Teixeira Filho e outros. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.1052.
[6] KAISER JR., Walter C. O Plano da Promessa de Deus – Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Gordon Chown, A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011, p.39.
[7] PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta – Libertando o Cristianismo de seu Cativeiro Cultural. Tradução: Luis Aron. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.53
[8] GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.100.
[9] LONGMAN III, Tremper. Como Ler Gênesis. Márcio Lourenço. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.132.
[10] GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.91.
[11] PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Os puritanos, 2000, p. 29.
[12] Cf. GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação – O Reino, a Aliança e o Mediador. Tradução: Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, volume 1, p.92.

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