quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ESCATOLOGIA DA ESPERANÇA


A ESPERANÇA
 Por: Rev. David Chilton
Tradução: Rev. João Ricardo Ferreira de França. 

            Este é um livro sobre a esperança. Durante muito tempo, os cristãos tem sido caracterizados pelo desespero, a derrota e o bater em retirada. Os cristãos tem dado ouvidos à falsa doutrina que ensina que estamos condenados ao fracasso, que os cristãos não podem vencer; a ideia de que, até que Cristo regresse, os cristãos perderão terreno constantemente ante o inimigo. Se nos diz que o futuro da igreja será um constante deslizar-se até a apostasia.
            Alguns de nossos líderes nos tem informado com tristeza que estamos vivendo na “era laodicense” da igreja (uma referência a “tibiez” da igreja de Laodicéia, da qual se fala apocalipse 3.14-22). Qualquer estalido bélico, qualquer aumento nas estatísticas do crime, qualquer nova evidência da desestruturação da família, estranhamente era considerada a bom gosto como um avanço, um passo até a esperada meta do eclipse total da civilização, um sinal de que Jesus poderia vir para resgatarmos a qualquer momento. Os projetos de ações sociais eram olhados com asceticismo: freqüentemente se supunha que qualquer um que na verdade tentasse melhorar o mundo na realidade não amava a Bíblia, pois, a Bíblia ensina que tais esforços estão destinados a ser inúteis; como disse um famoso pregador: “ninguém  dá brilho ao metal de um navio que se afunda”. Ele estribilho estava baseado em duas suposições: Primeira, que o mundo não é outra coisa que um “barco que está se afundando”; segunda, que qualquer programa organizado de reconstrução cristã não seria mais que “polir o metal”. O evangelismo era um convite para ingressar nas filas do lado perdedor.
            Disto nasciam dois problemas. Um era a falsa visão de espiritualidade. A ideia anti-bíblica da “espiritualidade” é que o homem verdadeiramente “espiritual” é uma espécie de ser “não físico”, que não se envolve nas coisas “terrenas”, que não trabalha e nem pensa muito, e que passa a maior parte de seu tempo meditando o quanto gostaria de estar no céu. No entanto, enquanto está na terra, tem um dever principal na vida: ser pisado por amor a Jesus. Segundo ele o vê, o homem “espiritual” é um grande covarde. Um perdedor. Mas, pelo menos, é um bom perdedor.
            O ensino da Bíblia é muito diferente. Quando a Bíblia usa a palavra Espiritual, geralmente está falando do Espírito Santo ( por isso, eu uso o ‘S’ maiúsculo). Ser espiritual é ser guiado e motivado pelo Espírito Santo. Significa obedecer a seus mandamentos como estão registrados nas Escrituras. O homem Espiritual é o que faz o que diz a Bíblia (Romanos 8.4-8). Conseqüentemente, isso significa que nos envolveremos na vida. Deus quer que apliquemos modelos cristãos em todas as partes, em todas as áreas. A espiritualidade não significa recolher-se e retirar-se da vida; significa autoridade. A confissão básica da fé cristã é que Jesus Cristo é Senhor (Romanos 10.9-10) – senhor de todas as coisas, no céu e na terá. Como Senhor, tem de ser glorificado em todas as áreas (Romanos 11.36). Em termos de Espiritualidade Cristã, em termos dos requisitos de Deus para a ação cristã em cada área da vida, não há nenhuma razão para a retirada.
            O segundo obstáculo para ação cristã tem sido uma escatologia da derrota. Nossa escatologia é nossa “doutrina das últimas coisas”, nossa expectativa do futuro. E não há duvidas das recentes expectativas de muitos cristãos: Temos esperado o fracasso. Como observamos mais acima, o mundo era considerado um navio afundando. Claro, nenhum cristão acredita na derrota final. Todos os cristãos sabem que Deus vai ser vitorioso sobre o diabo no final da história. Como jovem cristão, lembro-me que meus mestres de Bíblia me informavam que se haviam “assomado ao ultimo capítulo (da Bíblia), e os cristãos ganham! Porém, isso é justamente o que eu quero dizer: Segundo certas classes populares de escatologia, a vitória tem lugar somente no “último capítulo”. No tempo, na história, na terra, os cristãos perdem. O mundo fica cada vez pior e pior. Vem o anticristo! Há algo terrivelmente distorcido a respeito disso.
            O que estou dizendo é isto: A escatologia da derrota é errada. Não é mais bíblica que sua irmã, a falsa ideia da Espiritualidade. Em lugar de uma mensagem de derrota, a Bíblia nos dá esperança, tanto para este mundo como para o vindouro. A Bíblia nos dá uma escatologia de Senhorio, uma escatologia de vitória. Isto não é alguma classe de otimismo do tipo “tudo sairá bem de algum modo”. É uma certeza sólida, confiada, baseada na Bíblia, de que antes da Segunda Vinda de Cristo, o evangelho será vitorioso no mundo inteiro.
            Para muitos, isto lhes parecerá incrível. Opõe-se ao espírito inteiro da era moderna; por anos, se lhes tem ensinado aos cristãos a esperar a derrota. Certamente, é uma boa ideia cuidar-se das “novas” doutrinas. Tudo deve ser comprovado por meio das Escrituras. No entanto, uma coisa que se deve levar em conta é que a ideia de senhorio não é nova. Na verdade, até recentemente, a maioria dos cristãos aderiram a uma escatologia de domínio. Ao longo da história da igreja, muitos cristãos têm considerado a escatologia da derrota como uma doutrina de malucos.
            A esperança de conquistar o mundo para o cristianismo tem sido a fé tradicional da igreja por eras. Este fato pode demonstrar-se facilmente de várias maneiras. Podemos vê-lo nas palavras de Atanásio, o grande Pai da igreja do século quarto, cujo livro clássico On the Incarnation of the Word of God revela sua forte escatologia do domínio. Resumiu assim sua tese:
            Desde que o salvador veio para habitar em nosso meio, a idolatria não somente não tem aumentado, mas que está diminuindo e gradualmente está deixando de existir. De maneira similar, a sabedoria dos gregos não só tem deixado de fazer nenhum progresso, mas que havia desaparecido. E os demônios, longe de continuar impondo-se sobre o povo por meio de enganos, oráculos e feitiçarias, são derrotados  pelo sinal cruz se você mesmo quiser tentar. Por outro lado, enquanto a idolatria e tudo o mais que se opõe para a fé de Cristo diminui, se debilita, e cai todos os dias, o ensino do Salvador aumenta em todos os lugares! Adorai, pois, ao Salvador “que é sobre tas as coisas” e poderoso, Deus o Verbo, e condena aos que estão sendo derrotados e os faz desaparecer por sua vontade.  Quando o sol sai, a escuridão já não prevalece; qualquer porção dela que tenha restado é dissipada. Assim também, agora que a divina epifania da Palavra de Deus tem tido lugar, a escuridão dos ídolos já não prevalece mais, e todas as partes do mundo em todas as direções são iluminadas por seus ensinos.
            Você não deve supor que Atanásio era um mero otimista que pensava positivamente, quer repousava em um ambiente tranqüilo e pacífico. Pelo contrário: ele viveu durante uma das mais severas perseguições que o mundo jamais conheceu -  o supremo intento do Imperador Diocleciano de extirpar a fé cristã. Mais tarde, Atanásio teve que permanecer quase sozinho durante 40 anos em sua defesa da doutrina da Trindade contra a heresia desenfreada, havendo sido exilado pelo governo em cinco ocasiões e algumas vezes com perigo de perder a vida. Na realidade, sua história deu lugar a um provérbio: Atharzasius contra mundum (Atanásio contra o mundo). Contudo, jamais perdeu de vista o fato básico  da história mundial, que o Verbo se havia feito carne, derrotando o diabo, redimindo a humanidade, e inundando o mundo com a Luz que as trevas não podia vencer.
            A escatologia do domínio da Igreja configurou radicalmente a história da civilização ocidental. Por exemplo, pensemos nas grandes catedrais da Europa, e comparemo-nas com os edifícios das igrejas da atualidade. Aquelas antigas catedrais, magníficas obras de arte construídas décadas e algumas vezes durante gerações, foram construídas para que durassem séculos, e o fizeram. Porém as modernas igrejas evangélicas se constroem para que dure no máximo uma geração. Nós não esperamos estar aqui o tempo suficiente para usá-las muito, e certamente não esperamos que nossos bisnetos realizem  culto para Deus nelas. Nem sequer esperamos ter bisnetos. Você pode dizer com segurança que nunca a idéia de ter descendentes que vivem quinhentos anos desde agora jamais tem passado nas mentes da maioria dos evangélicos hoje em dia. No entanto, para muitos cristãos de gerações anteriores, a ideia de que futuras gerações se beneficiariam de seus esforços não era estranha de modo algum. Construíam para um longo tempo.
            Examinamos um campo muito diferente: a exploração. Nenhum só historiador em uma centena sabe o que motivou a Cristovão Colombo buscar uma rota ocidental para as Índias. O comércio? Sim,  essa era a parte da razão. No entanto, era mais do que isto, eram profecias que estavam por se cumprir. Antes de começar suas expedições, Colombo encheu seus diários de citações numerosas profecias que a Grande Comissão para fazer discípulos a todas as nações do mundo dariam cumprimento (veja-se, por exemplo, Isaías 2.2-5; 9.2-7; 11.1-10; 32.15-17; 40.4-11; 42.1-12; 49.1-26; 56.3-8; 60.1-22; 61.1-11; 62.1-12; 65.1-25; 66.1-24). Calculou que, se as Índias haviam de ser convertidas, uma rota marítima seria uma forma mais efetiva de levar-lhes o evangelho; e atribuiu seus descobrimentos, não ao uso da matemática ou dos mapas, mas de forma própria ao Espírito Santo, que estava fazendo que ocorresse o que Isaías havia predito. Temos de lembrar que América havia sido descoberta numerosas vezes, por outras culturas; porém, a colonização e o desenvolvimento tiveram lugar com êxito somente na era das explorações iniciadas por Colombo. Por quê? Porque estes exploradores eram portadores do Evangelho, e sua meta era conquistar o mundo para o reino de Deus. Chegaram com a esperança de que o Novo Mundo seria cristianizado. Estavam seguros da vitória, e supunham que qualquer obstáculo que encontrassem havia sido posto ali pelo expresso propósito de serem superados. Sabiam que os cristãos estão destinados para o domínio.
            Os exemplos poderiam ser multiplicados em todos os campos. Todo surgimento da civilização ocidental – a ciência e a tecnologia, a medicina, as artes, o constitucionalismo, o sistema de jurados, a livre imprensa, o alfabetismo, a maior produtividade, um crescente padrão de vida, a alta posição da mulher na sociedade – é atribuível a um fator de grande importância: O Ocidente tem sido transformado pelo Cristianismo. É verdade que a transformação todavia não é completa. Restam muitas batalhas pela frente. Mas, o que queremos dizer é que, até no que é, todavia dominante em uma civilização cristão primitiva, Deus tem feito chover benções sobre nós. Muitos cristãos não se dão conta, porém a esperança é a base dos grandes e antigos hinos da fé, escritos antes da era moderna de desespero e pessimismo evangélicos. Pense nisso que cantar da próxima vez o hino: “Catelo Forte é Nosso Deus”, de Martinho Lutero: “Jesus shall reign reian wher’rer the sun cloth his sucessive journeus run”, de Issac Watts; “Stand Up, Stand up for Jesus”, de George Duffield. Você realmente que Jesus está agora nos levando “de vitória em vitória” [....] até que todo inimigo seja derrotado e Cristo seja Senhor?” Isso é o que a igreja tem crido historicamente. Isso é o que ela cantava em seus hinos. Isto se pode ver mais claramente nos tradicionais corais de Natal que, como as reflexões de Atanásio sobre a encarnação, são esperanças despretensiosas* do triunfo de Cristo sobre o mundo por meio do evangelho. Corais como “come, thou long expected Jesus”. “O Come, O Come, Emmanuel”, “Hark! The herald angels sing”, “God rest you merry, gentlemen,” e muitos outros, foram escritos apartir da mesma perspectiva básica que este livro – a convicção de que como resultado de seu primeiro Advento – Cristo agora reina desde o céus e está conquistando a terra sob a mensagem de Joy to the world”. Não mais pecado, nem tristeza, nem espinhos. Ele vem para que suas bênçãos fluam  por cima das maldições.
            Ele governará ao mundo com graça e com poder, a toda nação demonstrará as glórias de sua justiça e as maravilhas de seu amor. O mesmo ocorre com aquele grande canto de coral orientado para a vitória: “It came upon the midnight clear”: “Os dias se aproximam rapidamente, como os profetas anunciaram ... do qual cantam os anjos”.


Os Salmos: Nosso Hinário do Domínio.
            Há uma conexão muito importante entre a visão mundial da igreja e os hinos da igreja. Se seu coração e sua mente estão cheios de cantos de vitória, deverá ter uma escatologia do domínio; agora, se em lugar disso, seus cânticos são temerosos e expressam um desejo de escapar – ou se são pequenas canções débeis e infantis – sua visão de mundo é suas expectativas serão de fuga e infantis.
            Historicamente, o hinário básico da igreja tem sido o livro dos Salmos. O livro maior da  Bíblia é o dos Salmos, e Deus providencialmente, o colocou justamente na metade da Bíblia, de modo que não pudéssemos passá-lo desapercebidamente! Contudo, quantas igrejas quantas igrejas usam os salmos nos cultos com música? Vale apena notar que o abandono da escatologia por parte da igreja coincidiu com o abandono dos salmos por parte da Igreja.
            Os salmos estão inescapavelmente orientados em direção ao reino. Estão cheios de conquistas, vitórias, e o domínio dos santos. Constantemente, nos lembraram a guerra entre Deus e Satanás; incessantemente, nos chamam a travar combate contra as forças do mal, e nos prometem que herdaremos a terra. Quando a igreja cantava os salmos – não somente pedacinhos deles, mas de maneira abrangente, através de todo o Saltério –  a igreja era forte, saudável, agressiva, e não pode ser detida. Por isso o diabo tem se encarregado de impedir que cantemos os salmos, de roubar-nos nossa herança. Se temos de recuperar a escatologia do domínio, devemos reformar a igreja; e um aspecto crucial dessa reforma deve ser regressar a cantar os salmos. Escute os hinos históricos da igreja vitoriosa:
“Lembrar-se-ão do SENHOR e a ele se converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações.”(Salmos 22.27)
“9 Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.  10 Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.  11 Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.”(Salmos 37.9-11)
“8 Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que assolações efetuou na terra.  9 Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo.  10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.”(Salmos 46.8-10)
“Batei palmas, todos os povos; celebrai a Deus com vozes de júbilo.  2 Pois o SENHOR Altíssimo é tremendo, é o grande rei de toda a terra.  3 Ele nos submeteu os povos e pôs sob os nossos pés as nações.”(Salmos 47.1-3)
“4 Prostra-se toda a terra perante ti, canta salmos a ti; salmodia o teu nome.”(Salmos 66.4)
 “8 Domine ele de mar a mar e desde o rio até aos confins da terra.  9 Curvem-se diante dele os habitantes do deserto, e os seus inimigos lambam o pó.  10 Paguem-lhe tributos os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes.  11 E todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam.” (Salmos 72.8-11)
“9 Todas as nações que fizeste virão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome.”(Salmos 86.9)
“4 Render-te-ão graças, ó SENHOR, todos os reis da terra, quando ouvirem as palavras da tua boca,  5 e cantarão os caminhos do SENHOR, pois grande é a glória do SENHOR.” (Salmos 138.4-5)
“5 Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo.  6 Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus, nas suas mãos, espada de dois gumes,  7 para exercer vingança entre as nações e castigo sobre os povos;  8 para meter os seus reis em cadeias e os seus nobres, em grilhões de ferro;  9 para executar contra eles a sentença escrita, o que será honra para todos os seus santos. Aleluia!”(Salmos 149.5-9)
Qual é a diferença?
            O problema escatológico se centra em um ponto fundamental: terá êxito o evangelho em sua missão ou não? Apesar de suas numerosas diferenças individuais, as várias escolas de pensamento derrotistas estão solidamente entrelaçadas ao redor de um ponto principal: O evangelho de Jesus Cristo fracassará. O cristianismo não terá êxito em sua tarefa mundial. A grande comissão de Cristo de fazer discípulos a todas as nações não se levará a cabo. Satanás e as forças do anticristo prevalecerão na história, derrotando a igreja e quase a fazendo desaparecer – até que Cristo venha no último momento, como a cavalaria dos filmes do este de segunda categoria, para resgatar o pequeno e atormentado grupinho de sobreviventes.
            Há alguma diferença? Afeta realmente sua vida seu ponto de vista sobre a profecia? Creio que já temos visto boa parte da resposta a esta pergunta. O ponto básico tem haver com sua atitude em direção ao futuro. Lembro-me de um periódico do “Povo de Jesus” do inicio da década de 1970, que publicou uma entrevista com o mais popular “expert em profecias” daqueles dias. Baseando-se no “fato” de que Jesus iria arrebatar a sua igreja “a qualquer momento”, este homem na verdade estava aconselhando a seus seguidores que não se casassem e não edificassem uma família. Depois de tudo, não restava tempo para essa classe de coisas. O arrebatamento estava chegando, assim que qualquer obra em favor do domínio era inútil. (se você fosse o diabo, poderia inventar uma desculpa maior, que soaria “mais espiritual”, para que os cristãos abandonassem o plano de Deus para a vitória?) A “ética do arrebatamento” daqueles anos levou a muitos abandonar as escolas, os empregos, as famílias, e suas responsabilidades em geral; grupos de membros do Povo de Jesus vagavam sem rumo pelo país, sem um propósito claro a mais além do seguinte concerto de rock cristão. Passaram anos antes que muitos deles despertassem e às vezes necessitaram de muitos anos para que reorganizassem suas vidas novamente.
            O fato é que você não trabalhará para a transformação da sociedade se você não crer que a sociedade pode ser transformada.  Não tratará de construir uma civilização cristã se não crer que uma civilização cristã é possível. Foi a absoluta confiança na vitória da fé cristã que deu valor aos primeiros missionários, que sem temor se aventuraram aos longínquos confins da Europa pagã como se estivesse a cabeça de um exército, pregando o evangelho, lançando fora os demônios, destruindo os ídolos, convertendo reinos inteiros, colocando vastas multidões de joelhos aos pés de Cristo. Sabiam que venceriam. Podiam entregar a vida na luta, seguros de que a história estava a seu lado, de que os domínios de Satanás estavam sendo despedaçados todos os dias, e que seu poder ilegítimo se debilitava e resvalava cada vez que avançavam as forças cristãs. Não se sentiam pessimistas nem na menor dose, pois estavam certos do poder do evangelho. Deus fez honrar a sua fé em suas promessas, e lhes permitiu lançar os fundamentos de um cristianismo que algum dia abarcará o mundo inteiro.
            Quando o povo de Deus desobedece e cai na incredulidade, a igreja começar a perder as batalhas com Satanás. Indica isto que a esperança é um erro?  Absolutamente; porque a Bíblia ensina que o crescimento espiritual da sociedade não é mais “automático” que o crescimento espiritual do cristão individual. “Esta a vitória que vence ao mundo: nossa fé”(1 João 5.4).  O cristão não aceita o crescimento como “automático” em nenhuma esfera da vida. Todo crescimento e todo desenvolvimento são dons soberanos do Espírito de Deus. Porém, o cristianismo não diz que pode “perder e cair nos braços de Deus”, deixar de comer e fazer exercícios, e esperar crescer. Não supomos que podemos deixar de confiar em Deus. Deixar de orar e obedecer, e todavia crescer na graça. Nem devemos dizer que algum ato de desobediência representa uma “tendência” em nossa escatologia pessoal, mostrando que estamos necessariamente “destinados” a cair da vida cristã. E o mesmo ocorre com a santificação cultural. Não cremos em nenhum tipo de progresso “natural” da civilização. Nossa civilização surgirá ou cairá em termos da benção de Deus; e a benção de Deus é sua resposta pessoal e de pacto (não “automática”) a nossa obediência ao pacto (Deuteronômio 28).
13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.  14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte;  15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.  16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5.13-16)
            Isto não é nada menos que um mandato para a completa transformação social do mundo inteiro. O que Jesus condena aqui é a ineficácia, não mudar a sociedade ao nosso redor. Se nos ordena a viver de tal maneira que se convertam a fé cristã. O que queremos dizer é que, se a igreja é obediente, os povos e as nações do mundo serão discipulados para o cristianismo. Todos sabemos que todo o mundo deveria ser cristão, que as leis e instituições de todas as nações deveriam seguir os planos da Bíblia. Porém, a Bíblia nos diz mais do que isso. A Bíblia nos diz que estas ordens configuram o futuro. Nós temos que mudar o mundo e, o que é mais, nós vamos mudar o mundo.


* NT - desprejuiciadas

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