A GRANDE TRIBULAÇÃO
por: Rev. David Chilton
Tradução: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
E
quando Aquele que falou a Moisés, o Verbo do Pai, apareceu no fim do mundo,
também deu mandamento, dizendo: Quando vos perseguirem nesta cidade, fugi para
outra”[Mateus 10.23]; e pouco depois disse:
Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta
Daniel, no lugar santo (quem lê entenda),
então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver
sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo
não volte atrás para buscar a sua capa.” (Mateus 24.15-18 ARA).
Sabendo estas coisas, os santos regulavam sua conduta em consequência.
Atanasio, Defence
of His Flight [11]
Um
dos princípios mais elementares para interpretar corretamente a mensagem da
Bíblia é que a Escritura interpreta a
Escritura. A Bíblia é a Palavra de Deus, santa, infalível, livre de erro. É
nossa maior autoridade. Isto significa que não podemos buscar uma interpretação
autorizada do significado da Escritura fora dela mesma. Também significa que
não devemos interpretar a Bíblia como se houvesse caído do céu no século vinte
e um. O Novo Testamento foi escrito no primeiro século, e por isso devemos
tratar de entendê-lo em termos de seus leitores do primeiro século. Por exemplo,
quando João chama a Jesus “o cordeiro de Deus”, nem ele nem seus leitores
tinham em mente nada, nem remotamente similar ao que o homem moderno da classe
média, o homem que é um morador de rua, poderia pensar se ouvisse que alguém
era chamado de “cordeiro”. João não queria dizer que Jesus era doce, carinhoso,
ou agradável. Na realidade, João não se referia em absoluto à personalidade de Jesus. Ele queria dizer
que Jesus era o Sacrifício sem pecado pelo mundo. Como sabemos isto? Porque a Bíblia assim nos diz.
Este método que temos que usar para
resolver cada um dos problemas de interpretação na Bíblia – incluindo as
passagens proféticas. A saber, quando lemos uma passagem em Ezequiel, nossa
primeira reação não deve ser olhar as páginas do New York Times [ou da Super Interessante – NT] em busca frenética
de pistas acerca do significado da passagem. O periódico não interpreta a
Escritura, em nenhum sentido primário. O periódico não deve dizer para nós quando se tem de cumprir certos eventos
proféticos. A Escritura interpreta a Escritura.
Esta Geração.
Em
Mateus 24 (e Marcos 13 e Lucas 21), Jesus falou a seus discípulos acerca de uma
“grande tribulação” que sobreviria a Jerusalém. Durante os 100 anos passados
mais ou menos, se tem tornado moda ensinar que Jesus falava do fim da “era da
igreja” e o tempo da segunda vinda. Porém, era isto que ele queria dizer?
Devemos observar cuidadosamente que Jesus mesmo deu a data (aproximada) da
vindoura tribulação, não deixando lugar algum para dúvidas depois de qualquer
exame cuidadoso do texto bíblico. Jesus disse:
“Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que tudo isto aconteça.” (Mateus 24.34 ARA)
Isto significa que o tudo que Jesus falava nesta passagem,
pelo menos até o versículo 34, teve lugar
antes que passasse a geração na qual então vivia. “Espere um momento”, você
diz. “Tudo? O testemunho a todas as nações, a tribulação, a vinda de Cristo nas
nuvens, a queda das estrelas ...tudo?” Sim – e prontamente, este ponto é uma
prova muito boa de seu compromisso com o princípio com o qual iniciamos este
capítulo: a Escritura interpreta a
Escritura – eu disse; e você acenou com cabeça e bocejou, pensando: “Claro
eu sei de tudo isso. Vá ao ponto. Onde se encaixam as explosões atômicas e as
abelhas assassinas?” O Senhor Jesus declarou que “esta geração” – as pessoas que vivia
desde então – não passaria antes de que tiveram lugar as coisas que ele profetizava.
A pergunta é: você crer nisso?
Alguns tem tratado de solapar a
força deste texto dizendo que aqui a palavra geração significa na realidade raça, e que Jesus estava dizendo
simplesmente que a raça judia não morreria senão até que estas coisas tenham
lugar. É verdade isso? Eu o desafio: tire sua concordância bíblica e busque
cada um dos textos do Novo Testamento em
que aparece a palavra geração (genea[1],
em grego) e veja se alguma vez
significa “raça” em qualquer outro contexto. Eis aqui todas as referências nos
evangelhos: Mateus 1.17; 11.16; 12.39,41,42,45; 16.4;17.17;23.36; 24.34; Marcos
8.12,38; 9..19; 13.30; Lucas 1.48,50; 7.31; 9.41; 1.29,30,32,50,51; 16.8;
17.25; 21.32. Nenhuma só destas
referências fala da totalidade da raça judia por milhares de anos; todas usam a
palavra em seu sentido normal da suma
total dos que viviam ao mesmo tempo. Sempre se refere a contemporâneos (Na realidade, os que
dizem que a palavra significa “raça” tendem a reconhecer este fato, porem
explicam que a palavra muda de significado subitamente
quando Jesus a usa em Mateus 24! Podemos sorrir diante deste erro transparente,
porém também devemos recordar que isto é muito sério. Estamos tratando com a
palavra do Deus vivente).
Por conseguinte, a conclusão – antes
que comecemos sequer a investigar a passagem em sua totalidade – é que os eventos profetizados em Mateus 24 tiveram
lugar dentro da vida da geração que então vivia. Foi a esta geração a que
Jesus chamou “má e perversa”(Mateus 12.39,45; 16.4; 17.17); foi esta “geração terminal” a que crucificou ao
Senhor; e foi esta geração, disse
Jesus, sobra a qual viria o castigo por “todo o sangue do justo derramado na terra”
(Mateus 23.35).
Todas estas coisas.
Em verdade vos digo
que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração. Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas
vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos
debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará
deserta.
(Mateus 23.36-38 ARA)
A afirmação de Jesus em Mateus 23
prepara o cenário para seu ensino de Mateus 24. Jesus falou claramente de um
juízo iminente sobre Israel por rejeitar a palavra de Deus, e pela apostasia
final de rejeitar ao Filho de Deus. Os discípulos ficaram tão alterados por
essa profecia de condenação sobre a presente geração e a “desolação” da “casa”
judia (o templo) que, quando estiveram a sós com Jesus, não puderam evitar
pedir uma explicação.
E,
QUANDO Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para
lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo
isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada. E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os
seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e
que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
(Mateus 24:1-3[2] ACF)
Novamente, devemos tomar nota
cuidadosa de que Jesus não estava falando
de algo que ocorreria milhares de anos mais tarde, a algum templo futuro.
Estava profetizando sobre “tudo isto”,
dizendo que “não ficará aqui pedra
sobre pedara”. Isto se vê ainda mais claramente se consultarmos as passagens
paralelas:
Marcos 13.1-2 [ARA]
|
Lucas 21.1-6 [ARA]
|
Ao
sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre! Que pedras,
que construções! Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não
ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada.
|
Falavam
alguns a respeito do templo, como estava ornado de belas pedras e de dádivas;
então, disse Jesus: Vedes estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra
sobre pedra que não seja derribada.
|
Por conseguinte, a única
interpretação possível que o próprio Jesus permite de suas próprias palavras é
que estava falando da destruição do templo, que nesse momento existia em Jerusalém, os mesmos edifícios que os
discípulos contemplavam nesse momento da história. O templo do qual Jesus
falava foi destruído na queda de Jerusalém sob os exércitos romanos no ano 70
d.C. Esta é a única interpretação possível da profecia de Jesus neste capítulo.
A grande tribulação terminou com a
destruição do templo no ano 70 d.C. Ainda que no caso (improvável) de que
construa outro templo em algum momento no futuro, as palavras de Jesus em
Mateus 24, Marcos 13, e Lucas 21 não tem nada a dizer a respeito dele. Jesus
estava falando só do templo desta geração. Não há nenhuma base bíblica para
afirmar que se trate de algum outro templo. Jesus confirmou os temores dos
discípulos: O formoso templo de Jerusalém seria destruído dentro dessa geração;
sua casa estaria desolada.
Os discípulos entenderam o
significado disto. Sabiam que a vinda de Cristo em Juízo para destruir o templo
significaria a completa desolação de Israel como nação do pacto. Seria o sinal
de que Deus se havia divorciado de Israel, removendo-o do meio, tirando-lhe o
reino e dando-o a outra nação (Mateus 21.43). Seria o sinal do fim dessa época,
e da chegada de uma era inteiramente nova na história mundial – a nova ordem
mundial de Cristo Jesus. Desde o
princípio da criação até o ano 70 d.C., o mundo manteve organizado ao redor de
um santuário central, uma só casa de Deus. Agora, na ordem do novo pacato, se
estabelecem santuários onde quer que exista um culto verdadeiro, onde se observam
os sacramentos e se manifeste a presença especial de Cristo. Anteriormente em
seu ministério, Jesus havia dito: “[...] a hora vem, quando nem neste monte,
nem em Jerusalém adorareis o Pai. [...] Mas vem a hora e já chegou, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (João 4.21-23 ARA).
Agora Jesus estava deixando claro que a nova era estava a ponto de ser
estabelecida permanentemente sobre as cinzas da antiga. Os discípulos
perguntaram urgentemente: “Quando serão estas coisas, e que sinal haverá de tua
vinda e do fim do século?”
Alguns têm tentado ler isto como se
fosse duas ou três perguntas separadas, de maneira que os discípulos estaria
perguntando primeiro sobre a
destruição do templo, e logo sobre os
sinas do fim do mundo. Isto dificilmente parece crível. O contexto imediato ( o
sermão recente de Jesus) tem a ver com a sorte daquela geração. Os discípulos, consternados, haviam apontado para
as belezas do templo, como argumentando que um espetáculo tão magnífico não devia
ficar em ruínas; acabavam de ser silenciados pela categórica declaração de
Jesus de que não ficaria pedra sobre pedra. Não há nada em absoluto que indique
que os discípulos mudaram do tema subitamente e perguntaram acerca do fim do
universo material. (A tradução “fim do mundo”[3]
na versão King James causa confusão, porque o significado da palavra inglesa world (mundo) tem mudado nos últimos
séculos.Aqui a palavra grega não é cosmos,
mas aion, que significa época ou era).
Os discípulos tinham uma só preocupação,
e suas perguntas giravam em torno a um só ponto: o fato de que sua própria
geração presenciaria o fim da era pré-cristã e a chegada da nova era prometida
pelos profetas. Tudo o que os discípulos queriam saber era quando chegaria e que sinais
deviam esperar, para poder estar bem preparados.
Sinais do fim.
Jesus
respondeu dando aos discípulos, não um sinal, mas sete sinais do fim. (Devemos lembrar que “o fim” nesta passagem não é o fim do mundo, mas o fim da época, o fim do templo, do
sistema de sacrifícios, da nação do pacto, Israel, e de dos últimos restos da
era pré-cristã). É notável que há uma progressão nesta lista: os sinais aprecem
volver-se mais especificas e pronunciadas até que chegamos a final e imediata
precursora do fim. A lista começa com certos eventos que ocorreriam só como
“princípios de dores” (Mateus 24.8). Jesus advertiu que, por si mesmos, os
sinais não deviam ser tomados como sinais de um fim iminente; por isso, os
discípulos deviam estar alerta para não ser confundidos sobre este ponto (v.4).
Estes eventos “inicias”, que marcavam o período entre a ressurreição de Cristo
e a destruição do templo no ano 70 d.C., eram como segue:
1. Falsos
Messias:
“Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos.” (vs.5)
2. Guerras:
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;
olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não
é o fim.Porquanto se levantará nação contra nação”(vs. 6-7a).
3. Desastres
naturais:
“... e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em
vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.” (vs. 7b-8).
Qualquer
destas ocorrências poderia haver feito que os cristãos sentissem que o fim
estava sobre eles imediatamente, se Jesus não lhes houvesse advertido que tais eventos
seriam somente tendências gerais quer
caracterizariam a geração final, e não precisamente sinais do fim. Os dois
sinais seguintes, ainda que todavia caracterizam o período em geral, sim nos
levam até um ponto próximo do fim da época:
4.
Perseguição:
“Então,
vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados
de todas as gentes por causa do meu nome.” (vs.9)
5.
Apostasia:
Nesse
tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos
outros se aborrecerão.E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos.
E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriará. Mas aquele
que perseverar até ao fim será salvo. (vs.10-13)
Os últimos dois pontos da lista são
muito mais específicos e identificáveis que os sinais anteriores. Estes seriam
os sinais finais e definitivos do fim – um, o cumprimento de um processo, e o
outro, um evento decisivo:
6.
A evangelização mundial:
“E este evangelho do
Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então
virá o fim.” (vs.14).
A
primeira vista, isto parece incrível. Poderia o evangelho ter sido pregado em
todo mundo dentro da geração em que se pronunciaram estas palavras? O
testemunho da Escritura é claro. Não só poderia
haver ocorrido, mas que de ocorreu
realmente. Prova? Alguns anos antes da destruição de Jerusalém, Paulo escreveu aos cristãos de Colossos
acerca da “palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo
fruto e crescendo” (Colossenses 1.5-6 ARA), e lhes exortou a não
apartar-se “esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu” (Colossenses 1.23 ARA).
À igreja de Roma, Paulo lhe anunciou que “em todo o mundo, é proclamada a vossa
fé.” (Romanos 1.8 ARA), porque a voz dos pregadores do evangelho “Por
toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do
mundo”. (Romanos 10.18 ARA). Segundo a infalível palavra de Deus, o
evangelho efetivamente se havia pregado ao mundo inteiro muito antes que
Jerusalém fosse destruída no ano 70 d.C. Este sinal crucial do fim se cumpriu,
como disse Jesus. Tudo o que restava era o sétimo e último sinal; e quando este
evento ocorreu, a qualquer cristão que estivesse em ou próximo de Jerusalém se
lhes disse que fugissem imediatamente:
7. A Abominação desoladora:
Quando,
pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está
no lugar santo; quem lê, atenda; Então, os que estiverem na Judéia, fujam para
os montes; E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua
casa; E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. (vs.15-18)
O texto do Antigo Testamento ao qual
Cristo estava aludindo é Daniel 9.26-27, que profetiza a chegada de exércitos
para destruir a Jerusalém e o templo:
O
povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim
será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as
assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da
semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá
o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado
sobre o assolador.
A palavra hebraica para
abominação[4]
é usada ao longo do Antigo Testamento para indicar ídolos, práticas perversas e idolátricas,
especialmente dos inimigos de Israel (por exemplo, Deuteronômio 29.17; 1º Reis
11.5,7; 2º Reis 23.13; 2º Crônicas 15.18; Isaías 66.3; Jeremias 4.1; 7.30;
13.27; 32.34; Ezequiel 5.11; 7.20; 11.18,21; 20.7-8,30). O significado, tanto
em Daniel como em Mateus, se esclarece pela referência paralela em Lucas. Em
vez de “abominável da desolação”, Lucas disse:
Mas,
quando virdes Jerusalém cercada de
exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que
estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade,
saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes,
para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. (Lucas 21.20-22)
Por
conseguinte, a “abominação desoladora”, haveria de ser a invasão armada contra Jerusalém. Durante o período das guerras dos
judeus, Jerusalém foi rodeada pelos exércitos pagãos várias vezes. Porém, o evento
específico denotado por Jesus como o “a
abominação desoladora” parece ser a ocasião em que os edomitas (idumeus)
inimigos de Israel toda a vida, atacaram Jerusalém. Várias vezes na história de
Israel, enquanto a cidade era atacada por seus inimigos pagãos, os edomitas haviam
entrado para saquear e desolar a cidade, agravando assim a desgraça de Israel (
2º Crônicas 20.2; 28.17; Salmos 137.7; Ezequiel 35.5-15; Amós 1.9,11; Obadias
10-16).
Os edomitas
permaneceram fiéis a sua natureza, e seu padrão característico se repetiu
durante a Grande Tribulação: Uma noite, no ano de 68 d.C., os edomitas rodearam
a cidade santa com 20.000 soldados. Josefo escreve que, quando eles estavam
fora dos muros, caiu uma terrível tormenta durante a noite, com a maior
violência, se levantaram ventos muito fortes; grandes aguaceiros; contínuos
relâmpagos e terríveis trovões; assombrosos estrondos e tremores de terra, que
era um terremoto.Estas coisas eram uma manifesta indicação de que alguma
destruição viria sobre os seres humanos, quando o sistema mundial havia sido
colocado em desordem; e qualquer um
advinharia que estas maravilhas pressagiavam alguma grande calamidade vindoura.”
Esta era a última oportunidade para
escapar da cidade condenada de Jerusalém, condenada à destruição. Todo aquele
que desejava fugir tinha que fazê-lo imediatamente, sem demora. Os edomitas
entraram na cidade e encaminharam-se diretamente para o Templo, onde massacraram
8.500 pessoas cortando-lhes a garganta. Enquanto o Templo era banhado de
sangue, os edomitas corriam como loucos pelos ruas da cidade saqueando as casas
e assassinando a todos que encontravam, inclusive o sumo-sacerdote. Segundo o
historiador Josefo, este evento indicava “o princípio da destruição da
cidade... desde este mesmo dia se pode datar
o derrubamento de seus muros, e a ruína de seus negócios”.
A Tribulação
Mas
ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!E orai para que a vossa
fuga não aconteça no inverno nem no sábado; Porque haverá então grande aflição,
como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de
haver. (Mateus
24.19-21)
A narrativa de Lucas dá detalhes
adicionais:
Mas
ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias! porque haverá grande aperto
na terra, e ira sobre este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as
nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os
tempos dos gentios se completem. (Lucas 21.23-24)
Como se indica em Mateus, a grande
tribulação haveria de ter lugar, não ao final
da história, mas na metade,
porque nada semelhante havia ocorrido “desde o princípio do mundo até agora, nem haverá”. Assim, pois, a profecia da
tribulação se refere a destruição do templo naquela geração (em 70 d.C). Somente. Não pode fazê-la encaixar em
algum esquema de interpretação de “duplo cumprimento”; a grande tribulação do
ano 70 d.C. foi um evento absolutamente único, que jamais se repetirá.
Josefo tem nos deixado um registro
ocular de grande parte do horror daqueles anos, e especialmente dos dias finais
de Jerusalém. Foi uma época em que “o dia se passava em derramamento de sangue,
e a noite se passava em temor”; quando era “comum ver cidades cheias de
cadáveres”; quando os judeus se encheram de pânico e começaram a matar-se uns
aos outros indiscriminadamente; quando os pais, com lágrimas nos olhos,
massacravam as famílias inteiras, para evitar que recebessem um tratamento pior
pelos romanos; quando, em meio da terrível fome, as mães matavam, assavam e comiam
seus próprios filhos (ver. Deuteronômio 28.53); quando o país inteiro “estava
cheio de fogo e sangue”; quando os lagos e os mares estavam vermelhos, com
cadáveres flutuando por todas as partes, no meio dos lixos, inchando-se ao sol,
apodrecendo-se e repartindo-se ao meio; quando os soldados romanos capturavam
as pessoas que tratavam de escapar e por esta razão crucificavam 500 por dia.
Seja crucificado! Seja crucificado!
Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
(Mateus 27:22-25 ARA)
E quanto tudo havia terminado, mas
de um milhão de judeus haviam sido mortos no sítio de Jerusalém; cerca de um
milhão mais foram vendidos como escravos por todo o império, e toda a Judeia
vazia em ruínas em chamas, quase despovoada. Os dias da vingança haviam chegado
de forma horripilante e ira intensa. Ao quebrar o pacto, a cidade santa havia
se convertido em uma prostituta babilônica; e agora era um deserto, “morada de
demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero
de ave imunda e detestável” (Apocalipse 18.2 ARA).
[2] Nota do Tradutor: A versão ARA [Almeida
Revista e Atualizada] traduz o texto com
um ponto final. Todavia o texto grego original tem uma interrogação, por esta
razão optamos por usar a versão ACF [ Almeida Corrigida Fiel] que traduz
conforme o texto grego: “Καὶ ἐξελθὼν ὁ Ἰησοῦς ἀπὸ τοῦ ἱεροῦ ἐπορεύετο, καὶ
προσῆλθον οἱ μαθηταὶ αὐτοῦ ἐπιδεῖξαι αὐτῷ τὰς οἰκοδομὰς τοῦ ἱεροῦ. ὁ δὲ ἀποκριθεὶς εἶπεν αὐτοῖς· οὐ βλέπετε ταῦτα πάντα;
ἀμὴν λέγω ὑμῖν, οὐ μὴ ἀφεθῇ ὧδε λίθος ἐπὶ λίθον ὃς οὐ καταλυθήσεται. Καθημένου δὲ αὐτοῦ ἐπὶ τοῦ ὄρους τῶν ἐλαιῶν προσῆλθον
αὐτῷ οἱ μαθηταὶ κατ᾽ ἰδίαν λέγοντες· εἰπὲ ἡμῖν, πότε ταῦτα ἔσται καὶ τί τὸ σημεῖον
τῆς σῆς παρουσίας καὶ συντελείας τοῦ αἰῶνος;”.
[3] Nota do Tradutor: A versão ACF traduz
do mesmo modo, e gera a mesma confusão. A palavra no grego “τοῦ αἰῶνος;”
significa “era”, “época”, “séculos”
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