sexta-feira, 21 de março de 2014

CRISTO O SIGNIFICADO DA HISTÓRIA - INTRODUÇÃO

CRISTO O SIGNIFICADO DA HISTÓRIA
Por: Rev. Hendrikus Berkhof
Tradução: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
INTRODUÇÃO
“Quando já não podemos encontrar significado na história significa que não entendemos a nós mesmos”
G. Van der Leeuw, De Zin der Geschiedenis, Groningen, 1935, p.5.
Constantemente alguns nos asseguram que vivemos em era apocalíptica. A pergunta é se aqueles que dizem isto sabem o que querem dizer. Se é algo mais que a afirmação de que esta era Põe diante de nós surpresa e temores que nunca se havia visto antes, então, isto deve significar que vivemos em uma época que revela mais que qualquer outra época anterior (apocalipse significar ‘manifestar, deixar descoberto’); um tempo em que as grandes forças que movem a história humana são reveladas estando assim despojadas de seu mistério; um tempo que não tem fim. De modo que, com esta segurança, estamos tratando com um dos muitos sopros de vida, expressados de uma forma tão livre, que comprovam quanto de nosso mundo Ocidental ainda vive a partir de sua herança cristã, e quanto nos orientamos inconscientemente por ela quando buscamos uma via de escape que nos livre dos eventos que nos oprimem. Provavelmente esta ultima frase seja todavia, demasiadamente afável para expressar o verdadeiro problema. Nossa  geração se encontra estrangulada pelo temor: temor ao homem, o seu futuro, à direção na que estamos sendo empurrados contra a nossa vontade e desejo. E disto surge um clamor pedindo iluminação com respeito ao significado da existência da humanidade, e com respeito ao objetivo a que estamos sendo conduzidos. É um clamor por uma resposta para a antiga pergunta do significado da história.
             A Igreja de Cristo não só está ciente de tal clamor, mas ela também sabe uma resposta divina. Deve colocar-se ao lado do mundo e deve atrever-se a apontar a direção da resposta. A questão, no entanto, é se será capaz de fazer isto. Certamente se encontra de pé ao lado do mundo, ou inclusive completamente nele, pois, ela também está presa pelo medo. Porém só pode ser ajudada sólida e real quando é capaz de apresentar uma resposta ainda em meio de seus piores temores e os de outros. Pode fazer realmente isto por seu livro, a Bíblia, está cheia de luz, precisamente para estes abismos da história. Ali se encontram compilados os matérias de construção do que podemos chamar de uma teologia da história.
            Porém, muitos séculos a Igreja e seus teólogos apenas não têm notado estes materiais. Tem-se dito poucas palavras acerca dos assim chamados ‘sinais do fim’ em uma passagem quase escondida na dogmática, em alguma parte muito próxima do final. Geralmente a passagem tem sido muito sombria e tem  tratado em sua totalidade, ou quase totalmente, com o crescente mal do homem e a chegada do anticristo. Algumas observações nessa seção somente assinalam a possibilidade de que, o que foi dito em toda a teologia, poderia tocar o coração da história do mundo, incluindo a história do presente. Porém, o caráter quase oculto da passagem, o breve tratamento que se lhe dava, e a localização dos fatos em um futuro incerto, tem resultado em uma situação na que estes “sinais do fim” tem permanecido como pedras perdidas em um campo dogmático, e os materiais da construção necessários para uma teologia da historia ficaram sem ser reunidos.
            No entanto, isso não inclui todos aqueles que se chamam a si mesmo de cristão. Ao longo de toda a história da igreja a busca de uma teologia da história tem sido um tema importante para algumas seitas e para alguns movimentos similares as seitas. Encontra-se aqui uma resposta detalhada e clara que satisfez não apenas fé, mas também a curiosidade e o intelectualismo primitivo. Isto aconteceu enquanto a igreja oficial não tinha nenhuma resposta em absoluto.
            Por esta razão, a relação entre as igrejas e as seitas também tem sido infrutífera. As seitas tem racionado contra a atitude fria da Igreja e as questões associadas com o futuro e a história, e as igrejas tem reacionado contra as fantasias, e as vezes, contra os arrebatamentos revolucionários que se tem posto em evidência entre as várias seitas. Cada resposta tem exigido uma nova resposta e as questões para uma teologia da história têm sido abordadas, quer sem qualquer aproximação, ou de  uma forma fantástica e superficial. Parece que não tem havido uma terceira possibilidade.
            Pode-se dizer, uma vez que existem apenas duas alternativas é melhor para escolher o primeiro. Porém, o não dar atenção é tão desastroso como oferecer uma atenção errada. Muitos cristãos, que, apesar dos enigmas e tristezas de sua vida pessoal não perderam por um momento a segurança do amor e orientação de Deus, se sentem tão impotentes e incapazes como crianças perdidas que sofrem a ausência do Pai, quando lêem manchetes nos jornais e periódicos. A Igreja de Cristo do século vinte [ vinte e um – NT] é espiritualmente incapaz de resistir contra todas as rápidas mudanças que sucedem ao seu redor porque não tem aprendido a ver a história desde a perspectiva do reinado de Cristo. Por esta razão, pensa em termos totalmente seculares com respeito aos eventos do seu próprio tempo. se vê invadida pelo temor de uma forma mundana trata de libertar-se do temor. Neste processo Deus como algo parecido a um benfeitor improvisado que salva a brecha tem oralmente.
            Afortunadamente, há sinais de mudança. Há somente pequenas nuvens, do tamanho de uma mão, porém são visíveis. A experiência da Segunda Guerra Mundial tem ajudado a dar um impulso nesta direção. O documento do Sínodo Reformado, Fundamenten em Perspectieven van Belijden( Fundamentos e perspectivas da fé), tem ido mais além das confissões do século XVI ao incluir um artigo acerca da história (art.14). E o Concílio Mundial de Igrejas teve como seu tema para a conferência de Evaston em 1954. ‘ Cristo – a esperança para o mundo.’ O bem conhecido relatório com respeito a este tema que foi aceito pela assembleia contém um parágrafo intitulado ‘A Esperança Cristã e o Significado da História’. Estas coisas são sintomas em sim mesmo e também motivos de contentamento, ainda assim o conteúdo em si não é tão satisfatório neste ponto, particularmente no caso do segundo documento. Porém tão somente temos começado. Será necessário que haja muita reflexão sobre este assunto. Só então, a nossa conversa sobre o reinado de Cristo na história, lentamente, começará a ter significado, porque se aproximará ainda mais  para a plenitude e certezas das quais se  fala no Novo Testamento.
            É meu desejo e esperança poder ajudar neste processo com este livro. Não espero nada menos, e minha expectativa não excede isso, como tive a forte impressão de que nós temos aqui um campo teológico não cultivado. No entanto, este é o legado da história. Posto que a dogmática se manteve sistematicamente separada dos problemas apresentados pelos livros apocalípticos da Bíblia, me vi obrigado a encontra meu próprio caminho sem a ajuda desta tradição. Por esta razão, entre outras, permaneci tão próximo como me foi possível da teologia bíblica. Isso não elimina o fato de que não se podem fazer pronunciamentos neste campo, se você não está também preparado para se aproximar de uma filosofia cristã da história. Quem teme o último não pode fazer justiça aos pronunciamentos bíblicos. Mas por isso mesmo tornou-se um maravilhoso livro em que a exegese, teologia bíblica dogma, e a filosofia mudam de lugares, e às vezes são interligadas. Para alguém como eu, que não sou um especialista em nenhum destes campos, esta tem sido uma empreitada muito perigosa. Felizmente, alguns estudiosos têm se mostrado dispostos a ler alguns capítulos e apontar algumas correções. Para eles eu  quero expressar minha sincera gratidão.

            A Teologia é uma forma de amar a Deus com a mente. Por esta razão não é uma doutrina secreta, mas um assunto público. De modo que tenho considerado como uma tarefa satisfatória e auto-imposta ao escrever de tal maneira que aqueles que não sejam teólogos com uma orientação intelectual geral possam ler este livro. Confio em que muitos deles queiram fazê-lo, pois é importante que o tema discutido neste livro comece a tomar a vida de toda a Igreja de Cristo, como um pão sumamente necessário. Pode ser que inclusive aqueles que se encontram entre as seitas possam desejar se familiarizar-se um pouco com este livro. E o acharão inadequado, e não estarão de acordo com muito do que há nele, porém talvez a este como sendo o trabalho de alguém que tenha prestado atenção para as chamadas feitas para a porta da igreja. E possa ser que haja uma ligeira possibilidade de que lhes possa conduzir a perguntar-se de onde se acham os elementos reativos ao seu próprio ensino. Pelo menos, confio que este livro possa ser uma pequena fonte através do qual a igreja e as seitas possam encontrar caminho para um novo diálogo.  

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